3.31.2005


Interrail(Kolding)...não posso deixar de agradecer à população de Kolding e, em particular, à sua caixa de multibanco pela "agradável" noite que nos providenciou...Obrigado
Luí­s Gomes 2005

Interrail(Berlim)...bem, ja tinha a t-shirt, faltava o desenho do "nosso" Bar (novas tecnologias, espero que gostem)...
Luí­s Gomes 2005

3.30.2005

Ainda que em Amsterdam...

Brumes et pluies

Ô fins d'automne, hivers, printemps trempés de boue,
Endormeuses saisons ! je vous aime et vous loue
D'envelopper ainsi mon coeur et mon cerveau
D'un linceul vaporeux et d'un vague tombeau.

Dans cette grande plaine où l'autan froid se joue,
Où par les longues nuits la girouette s'enroue,
Mon âme mieux qu'au temps du tiède renouveau
Ouvrira largement ses ailes de corbeau.

Rien n'est plus doux au coeur plein de choses funèbres,
Et sur qui dès longtemps descendent les frimas,
Ô blafardes saisons, reines de nos climats,

Que l'aspect permanent de vos pâles ténèbres,
- Si ce n'est, par un soir sans lune, deux à deux,
D'endormir la douleur sur un lit hasardeux.

(Baudelaire)

3.11.2005


Berlim...2005
Luís Gomes 2005

Daniel Libeskind on Bauhaus heritage

Gods were toppled, orders broken, walls smashed, the center removed....Daniel Libeskind

And architecture becomes living poetry...
And architecture becomes living poetry....

Afirma Pereira

Só a noção que ainda não tenho do que acabarei por existir me fez escrever.
Acabei de ler o "Afirma Pereira". Sei que pode não fazer muito sentido, mas quero, assim, dizer que é um grande livro. Já sei que se costuma dizer outras coisas, suplementares ou inequivocas, amar é do pouco que consigo dizer sobre este livro, um grande livro.
Agora sim, entendi porque o meu pai andou ao lado da resistencia contra o regime, mas a coisa do grande livro vem quando eu, para entender isto necessito de um escritor de Itália, que esteve por lá...
A importancia q´isto tem é apenas a que 280 páginas têm na vida de um homem... 4 horas... é pouco, mas... é o suficiente para termos aquilo que meu pai nunca me passou, nunca me quis passar... para ele porventura era melhor assim, como está.
Para mim é estranho, falar e não dizer, ouvir e não escutar... desabafos...

3.10.2005

Continuo em aproximação ao Fernando Pessoa

Haja ou não deuses, deles somos servos

Deus é o existirmos e isto não ser tudo

A beleza de um corpo nu só a sentem as raças vestidas. O pudor vale sobretudo para a sensibilidade como o obstáculo para a energia

O perfeito não se manifesta. O santo chora, e é humano. Deus está calado. Por isso podemos amar o santo mas não podemos amar a Deus

Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade

De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos

A renúncia é a libertação. Não querer é poder

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela

In "Livro do Desassossego"

3.09.2005

And so it begins...

"Architecture is the will of the age encapsulated within space. Vivacious. Alternating. New. "

Mies Van der Rohe

3.06.2005

Pensamento

A minha alma
É cinza da minha imaginação,
E eu deixo cair a cinza
No cinzeiro da razão.

Fernando Pessoa

Primeira Pit Stop

A estratégia da Jordan, assim como a da maioria é de duas paragens, e no jogo das boxes o Viriato perdeu a posição para o seu companheiro de equipa. Só os minardis é que estão mais lentos, ou mais lento, porque um deles já desistiu. Para já Viriato Monteiro sem erros de condução.

Partida

O Tiago partiu muito bem, ganhando posição ao seu companheiro de equipa, mas os jordan estão muito lentos e ao fim da primeira volta o Tiago estava em 17 e o seu companheiro em 18 a perderem 3 segundos por volta... terão deposito para uma só paragem? Mas que grande arranque do Viriato!

Ao ouvir o D.Quixote do Jorge Palma

lembrei-me desta pérola perdida no meu disco rigido, não sei porquê...

(carta de António Lobo Antunes ao irmão, quando estava na guerra)

Querido Manuel,
Eu estou em Angola. Eu gosto muito de Angola. Eu vim para Angola num barco muito grande, com muitos soldados. Eu vou voltar de avião. Eu vou aí em Setembro. Eu tenho patilhas. Eu tenho cabelo rapado. Eu tenho muitas saudades de todos, tais como da Margarida. Angola é em África. África tem leões, macacos, gazelas, elefantes, pacaças, palancas e muitos pretos. Os pretos tem um cabelo com muitos caracóis e dentes brancos. Os pretos não falam português, falam preto. A gente não percebe os pretos a falar preto. Os pretos às vezes falam português. Os portugueses nunca falam preto. Em Angola há muito calor todo o dia. Eu tenho uma espingarda mas ainda não matei ninguém. Eu visto farda. Farda é um fato igual para todos. Eu como coisas que não gosto de comer mas como porque há muita gente com fome e não devemos desperdiçar. A colher fica em pé na sopa de tal maneira a sopa é grossa. A sopa serve também para pegar tijolos uns aos outros. Há casas que foram feitas graças à sopa. A sopa tem muitas coisas dentro, que a gente tem de mastigar, e às vezes corta-se a sopa com a faca. A sopa é mais dura do que um bife muito duro. As colheres de sopa caiem no estômago da gente com um barulho parecido com pedras a cair num poço. Eu não gosto de sopa. Eu nunca mais como sopa. Já me nasceram dentes na barriga para moer a sopa, e os meus intestinos, a fazerem a digestão da sopa, parecem mesmo um motor de traineira. Quando me sento à mesa e vem a sopa tenho medo porque a sopa parece cimento. Eu estou forrado de sopa por dentro. Quando me assoo sai sopa do nariz. Quando espirro espirro gotinhas de sopa. Outro dia tiraram-me sangue e um talo de couve saiu-me da veia e entupiu a agulha. De vez em quando, quando há feridos, fazem-se transfusões de sopa, e a gente vê o grão e o feijão da sopa a saírem de um para entrarem no outro. Quando há feridas é preciso desinfectar a sopa que sai da ferida. Se se espreme uma borbulha aparecem logo bagos de arroz de sopa. A sopa é o nosso pior inimigo, a espiar a gente do fundo das panelas duas vezes por dia, ao almoço e ao jantar, a sopa ataca-nos. A sopa já fez muitas baixas. Às vezes a sopa traz brindes como os bolos-reis tais como baratas, insectos, borboletas, que morreram envenenados pela sopa. De maneira que a gente vai começar a usar a sopa como remédio para os ratos. Os americanos já nos pediram para a gente mandar sopa para o Vietname, porque os comunistas morrem todos se a comerem. Eu gostava muito de dar sopa à sopa. Eu vou acabar. São horas de comer a minha sopa.
António Lobo Antunes
Vítima nº 07890263 da sopa
Morto no campo de batalha do refeitório com um ataque agudo de sopa

3.05.2005

Acabei por agora de aprender com Saramago. Mais uma vez;

«Um tempo múltiplo. Labiríntico. As histórias das sociedades humanas. Ricardo Reis chega a Lisboa em finais de Dezembro de 1935. Fica até Setembro de 1936. Uma personagem vinda de uma outra ficção, a da heteronímia de Fernando Pessoa. E um movimento inverso, logo a começar: "Aqui onde o mar se acaba e a terra principia"; o virar ao contrário o verso de Camões: "Onde a terra acaba e o mar começa". Em Camões, o movimento é da terra para o mar; no livro de Saramago temos Ricardo Reis a regressar a Portugal por mar. É substituído o movimento épico da partida. Mais uma vez, a história na escrita de Saramago. E as relações entre a vida e a morte. Ricardo Reis chega a Lisboa em finais de Dezembro e Fernando Pessoa morreu a 30 de Novembro. Ricardo Reis visita-o ao cemitério. Um tempo complexo. O fascismo consolida-se em Portugal.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)